quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Quando vamos agir corretamente em tempos de crise?

A reportagem veiculada pela Folha de São Paulo é atual, mas iguais a ela já vimos muitas. Em momentos de crise, quando o governo comete seus erros movidos a atendimento de politicagens baratas, a conta recai sobre a população. Isso irremediavelmente vem na forma de aumento de impostos e nas últimas duas décadas, de reforma da previdência também.

O interessante é que poucos países do mundo conseguem conviver bem com cargas tributárias altas como as brasileiras. Normalmente essa "exceção" mundial acontece em países cuja consciência de sociedade já atingiu níveis realmente altos, onde são raros os politiqueiros e abundam políticos engajados com o bem da sociedade a qual se empenham em defender.

Não é o caso no Brasil, infelizmente.

Sendo assim, o governo Dilma perde fantástica oportunidade de apresentar soluções criativas e sérias, que pudessem iniciar uma verdadeira mudança na mentalidade do país, como um choque de gestão eficiente, e a tramitação de leis que levassem a um controle e operação mais eficientes da máquina pública.

O trem da história segue passando por essa estação, sem que ninguém embarque.




Por reformas e CPMF, presidente vai negociar com PT e centrais sindicais

Pedro Ladeira-2.fev.2016/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 02-02-2016, 15h00: A presidente Dilma Rousseff, ao lado do presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do senado federal senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do presidente do STF ministro Ricardo Lewandowski, participa da sessão solene de abertura dos trabalhos do legislativo, no plenário da câmara dos deputados. A presidente optou por trazer pessoalmente a mensagem ao congresso nacional. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
A presidente Dilma Rousseff na sessão de abertura dos trabalhos do Legislativo

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A presidente Dilma Rousseff orientou sua equipe a iniciar negociações logo depois do feriado do Carnaval para convencer o PT a mudar sua posição contrária à reforma da Previdência Social e àrecriação da CPMF.
Em sua avaliação, sem o apoio de seu partido, ficará impossível aprovar as medidas consideradas por ela essenciais para garantir a estabilidade econômica em curto e longo prazos.
Em conversa com interlocutores, a presidente disse que, se o PT ficar contra elas, acabará "contaminando o resto da base" aliada, o que representaria um fracasso da pauta lançada pelo governo na reabertura dos trabalhos do Poder Legislativo neste ano.
O Planalto foi avisado por partidos governistas, principalmente o PMDB, que não será possível abraçar a pauta sem o apoio oficial do PT a favor da aprovação tanto da recriação da CPMF como da reforma da Previdência.
O mesmo recado tem sido dado, dentro do Congresso, pela oposição. Segundo líderes oposicionistas, eles até aceitam negociar e votar estes projetos, desde que, antes de qualquer negociação, o PT assuma posição favorável às medidas.
MOVIMENTOS SOCIAIS
Em outra frente, diante da insatisfação dos movimentos sindicais, a presidente Dilma Rousseff pretende fazer gestos mais enfáticos de reaproximação e reforçar o discurso de que a mudança não afetará direitos adquiridos.
A preocupação é de que a tensão criada por causa da proposta enfraqueça a mobilização das centrais sindicais em defesa de seu mandato.
Para reduzir a tensão, a petista deve comparecer com o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) à reunião do Fórum sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Previdência, no dia 18 de fevereiro. A equipe da petista articula também encontros privados com dirigentes de centrais sindicais.
Antes de convencer o PT e as entidades trabalhistas, porém, Dilma terá de unificar o discurso dentro de seu governo. Segundo assessores, ela até compreendeu, mas não gostou das declarações do ministro Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência) sobre a reforma previdenciária.
Na terça (2), Rossetto disse que o governo não poderia tratar o tema com "pressa" e que o assunto teria de passar antes pelo fórum de trabalhadores e empresários.
Segundo assessores, Dilma está decidida a enviar a proposta de reforma ainda neste semestre ao Congresso e fará isto mesmo que os trabalhadores não aceitem fechar uma proposta consensual com o governo.
Encarregada pela presidente de fechar uma proposta, a equipe econômica quer fixar uma idade mínima de aposentadoria e unificar as regras de Previdência no país: homens e mulheres, setor público e privado e trabalhadores urbanos e rurais.
A ideia da Fazenda é que a reforma seja implementada de forma "lenta e gradual", num período de 20 a 30 anos, com transição.
Rossetto é visto dentro do governo como contrário à proposta que está sendo fechada pela Fazenda e não gostaria de enviar uma reforma em ano eleitoral.
O ministro, segundo interlocutores, diz que vai apoiar a posição que for adotada pela presidente Dilma. 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Dinheiro para amenizar a crise?

O governo brasileiro vem enfrentando uma crise econômica, que é resultado de muitos fatores, entre eles a deterioração das contas públicas, que vêm apresentando deficit crescente nos últimos anos. Um dos meios de tentar amenizar a crise fiscal é o aumento de impostos e tarifas públicas, o que inclui a diminuição de subsídios. Isso o governo vem fazendo no último ano.

A outra forma é buscar o aumento de arrecadação por outros meios. A privatização pode ser um desses meios.

O artigo abaixo fala do leilão de terminais portuários como forma de aumentar o caixa do governo. Não deixa de ser verdade, mas é um valor que não resolve nada, e já era previsto uma nova rodada de privatizações portuárias, desde que a nova Lei do setor foi aprovada, e que ainda não havia ocorrido.

Sendo assim, o viés de aliviar as contas públicas com essas privatizações é muito mais uma forma de propaganda político-ideológica do que informação propriamente dita. É como se dissessem: "está vendo, se rendem à iniciativa privada, porque a ideologia desse governo é errada".

Mas esquecem de dizer que esse governo nunca foi contra a iniciativa privada, embora Dilma tenha apresentado um intervencionismo um pouco maior que Lula.

Só que devido as pressões políticas, e ainda pelo desespero em trazer as contas públicas e a economia nacional de volta aos trilhos o mais cedo possível, há realmente a possibilidade de que esse governo cometa alguns atos falhos, e que acabem criando mais problemas do que soluções.

Um exemplo é a ideia de se vender a Transpetro, subsidiária da Petrobrás que é responsável pela maior frota de navios do país. Além de não resolver o problema da empresa mãe, ainda deixaria de administrar uma subsidiária enxuta e lucrativa.

Isso faria algum sentido?




O E. de São Paulo – Reportagem – 04/09/2015

Leilão de portos pode render R$ 1 bi

Governo espera aval do Tribunal de Contas da União (TCU) para licitar oito terminais ainda neste ano pelo modelo de outorgas

Na ânsia de tirar dinheiro de onde for possível, o governo passou a ver nas concessões de portos uma forma de engordar o caixa minguado das contas públicas. A ordem é que a oferta dos primeiros terminais portuários à iniciativa privada seja feita pelo modelo de outorga, no qual vence o leilão aquele que se dispõe a pagar o maior valor para explorar o terminal portuário. Pelo modelo original, os portos seriam assumidos pela empresa que apresentasse a melhor combinação entre o menor preço de tarifa e a maior quantidade de carga embarcada. Agora, isso é passado.

O Estado apurou que a expectativa do governo é arrecadar cerca de R$ 1 bilhão ainda neste ano com a oferta de oito terminais, cinco deles previstos para o litoral do Pará e outros três na orla do porto de Santos (SP). Trata-se de um “dinheiro novo”, que pode ajudar a aliviar os rombos da União.

A utilização do modelo de outorga, no entanto, ainda depende de um aval do Tribunal de Contas da União (TCU). A corte já havia aprovado a licitação desses terminais, mas apenas no modelo inicialmente previsto. As solicitações de alguns ajustes feitas pelo tribunal à Secretaria de Portos, porém, abriram espaço para que o governo incluísse nos projetos a possibilidade de adotar as outorgas.
Basicamente, o plano é “vender” os portos por um período de 25 anos, o mesmo que acontece hoje com os aeroportos, em vez de simplesmente repassá-los à iniciativa privada exigindo, em troca, investimentos e cobrança de tarifas mais baratas, como é feito nas concessões de rodovias.

A expectativa de arrecadação com as outorgas foi confirmada pelo ministro da Secretaria de Portos, Edinho Araújo.
“Os números são muito preliminares ainda, mas estamos trabalhando com esse plano”, disse Edinho. “A segunda fase das concessões de portos já prevê o modelo de outorga. O TCU tem sido muito colabora-tivo para que esse trabalho avance nesta primeira etapa também.”

Além da arrecadação com as outorgas, os leilões dos terminais preveem que outros R$ 2,1 bilhões sejam investidos na construção dessas novas estruturas. O governo espera que as primeiras ofertas de terminais sejam feitas já em outubro.

Teste. Com os primeiros leilões, o governo quer testar o ânimo dos empresários em entrar nesses empreendimentos.
Há cinco anos não é feita uma concessão portuária no Brasil, disse Edinho Araújo. O modelo de outorga, que o governo pretende aplicar, também é uma novidade no setor. Uma segunda rodada de terminais está prevista para ir a leilão no primeiro semestre do ano que vem.

Segundo Araújo, as primeiras movimentações do empresariado demonstraram que há interesse. Em julho, a Secretaria de Portos publicou seis editais de chamamento público para procedimento de manifestação de interesse (PMI) de duas áreas no porto de Santos (SP), duas no porto de Suape (PE), uma área no porto do Rio (RJ) e uma área no porto de São Francisco do Sul (SC). Empresas interessadas se apresentaram para realizar estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para os arrendamentos portuários. “Recebemos dez empresas nesse processo, que farão 28 estudos. Entre eles, nós escolheremos seis projetos. E uma demonstração clara de que o mercado está interessado nesses terminais”, disse.