quinta-feira, 30 de junho de 2016

Quando vamos aprender?

O texto já tem mais de um mês, mas é ótimo para mostrar como os brasileiros - outras nacionalidades também - estão defasados em termos de auto entendimento de suas posições como cidadãos atuais, e o que limita suas importâncias no mundo. Mais do que nunca você é um cidadão, o quão mais você tem capacidade de consumir. A outra margem é a de produzir, mas essa é uma condição em que tentam tirar o direito oriundo da cidadania, e imputar a obrigação que a garante.

Talvez um dia tenhamos o entendimento individual, de entender que nossa importância cresce enquanto nos organizamos, e enquanto mostramos que não apoiamos determinados padrões, inclusive mostrando que não seremos os cidadãos-consumidores de empresas que não atendam padrões mínimos de ética. Mais do que nunca precisamos estar juntos e organizados. Não à toa o novo Ministro da Justiça (tenho dúvidas se o Ministério ainda é esse) disse que iria coibir e atacar movimentos sociais e sindicatos.

Sindicatos são fundamentais para isso. Existem algumas outras organizações sociais também. Associe-se ao seu sindicato, a única maneira de defender direitos. Do contrário você só terá deveres.

E antes que alguém venha com a bobagem de que a vida é assim, eu vou logo dizendo que não é, embora alguns ainda sonhem que assim fosse.

Protestos contra a Globo preocupam anunciantes


A sucessiva multiplicação de palavras de ordem, faixas e cartazes contrários ao Grupo Globo nas manifestações populares a favor da democracia e a rejeição estampada nas redes sociais — inclusive expressada por artistas contratados — começa a preocupar anunciantes. O temor de algumas companhias é que este movimento possa crescer e expor ao risco as suas marcas e o consumo dos seus produtos.

A sistemática cobertura a favor do impedimento da presidente Dilma Rousseff e o noticiário envolvendo o ex-presidente Lula acenderam o sinal de alerta nas direções de marketing de grandes empresas.

Numa reunião fechada realizada ontem no fim da tarde, em São Paulo, e que o SRZD teve acesso ao resultado final, dois presidentes que representam os interesses de companhias que estão entre os 30 maiores anunciantes do Brasil, seis vice-presidentes de empresas de áreas diversas que atuam em higiene e limpeza, setor automotivo e varejo decidiram encomendar uma análise a uma agência internacional de acompanhamento de postagens na internet para avaliar os humores dos consumidores em relação aos produtos e serviços dos patrocinadores.

A ideia é que o estudo seja concluído em até 90 dias. E o parecer se restringirá às marcas que já anunciam nos veículos do Grupo Globo.

Um dos executivos chegou a desabafar: "Todos respeitamos a Globo pelo seu profissionalismo e pela larga vantagem sobre os demais órgãos de comunicação, mas o jornalismo está manipulando de forma criminosa e já há movimentos nas redes sociais pressionando nossos consumidores a não comprarem os produtos que produzimos. Assim não dá. Isso não pode crescer". A fala causou um certo mal estar no ambiente. O silêncio enigmático dos demais sinalizou concordância com a análise e a preocupação de como criar uma alternativa publicitária ao maior meio de comunicação do Brasil.

A Globo, por sua vez, já se manifestou oficialmente, várias vezes, no sentido de que apenas informa os fatos políticos com isenção. E que não é geradora dos acontecimentos políticos e econômicos que noticia.

Manifestações do dia 31 de março de 2016. Foto: Roberto Parizotti/CUT
Manifestações do dia 31 de março de 2016. Fotos: Reprodução/Mídia Ninja
Manifestações do dia 31 de março de 2016. Foto: Eduardo Magalhães

terça-feira, 28 de junho de 2016

Descanse em paz Bud Spencer

Gostaria de manifestar meu pesar pela passagem do ator italiano Bud Spencer, que durante minha a infância e adolescência, foi o responsável por muitas risadas e acaloradas discussões com amigos sobre qual dos dois venceria uma luta, caso os dois tivessem que resolver algo no braço. Por sinal, Bud Spencer não foi responsável por risadas apenas desse blogueiro, mas de toda uma geração que cresceu esperando por filmes que foram pelos dois, dos chamados western espaguete, ou películas ambientadas nos mais variados ambientes, como o Rio de Janeiro, .

Obrigado pelos ótimos momentos, e pelas agradáveis lembranças.

Descanse em paz Bud Spencer.

A população não merece isso

A presidente eleita tinha o discurso de privatizar com parcimônia, empresas e infraestruturas que necessitassem da parceria público-privada, aliviando o governo de investimentos, e permitindo que as empresas obtivessem lucro com seus investimentos, mas de forma alguma repassando ao setor privado empresas e empreendimentos altamente lucrativos, e que são forma de o governo intervir no mercado em prol dos interesses econômicos da população e do país - aqui ainda nos falta o soerguimento de nossa Marinha Mercante. Esse foi o discurso que levou a chapa  de Dilma à reeleição.

O golpe impetrado no dia 12 de maio nos colocou no governo um interino que não respeitou nem mesmo minimamente os votos de 54 Milhões de brasileiros.

Mas foi justamente para que ele fizesse isso, que ele foi lá colocado.

Além claro, de que magicamente a corrupção, a Lava-jato, e outras mazelas do Estado brasileiro simplesmente evaporaram, menos no que toca o PT.

Você pode até me bater, me roubar, me matar, mas não me chame de idiota, "porque idiota é quem faz idiotice", né governo Temer?



Correio da Bahia  – Reportagem – 13/05/2016

Ordem de Temer é privatizar 'o que for possível', diz novo ministro dos Transportes

Segundo Maurício Quintella, o Brasil neste momento não tem dinheiro para fazer investimentos suficientes

Ao assumir um turbinado ministério dos Transportes, que vai acumular as secretarias de Aviação Civil e de Portos, Maurício Quintella afirmou que a ordem do presidente interino Michel Temer é privatizar "o que for possível" na área de infraestrutura.

Antecipando que "provavelmente" será necessário mudar o marco regulatório, o deputado federal por Alagoas, que deixou a liderança do PR para votar pelo impeachment na Câmara, disse que é preciso criar um clima de confiança que atraia investimentos do setor privado.

"Privatizar e conceder o máximo possível é a palavra de ordem do governo na aérea de infraestrutura. Temos de buscar parceiros e investidores. Para isso, é preciso que haja ambiente de confiança. O Brasil neste momento não tem dinheiro
para fazer investimentos suficientes", afirmou.

Na opinião do novo ministro, o país vive um momento de "muita restrição" e será necessário trabalhar para recuperar a confiança e a credibilidade. Ele informou que o atual secretário de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Dário Lopes, assumirá a Secretaria de Aviação Civil e que um quadro do PMDB, ainda não definido, ocupará a de Portos.

Por ter participado em esquema de desvio de recursos públicos no seu estado, Quintella foi condenado pela Justiça Federal em 2014.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Fundador do PSDB mostra o perigo da farsa

Quem escreveu o texto abaixo não foi o blogueiro, mas sim Bresser Pereira, um dos fundadores do PSDB, um dos partidos que está envolvido até o pescoço nas atrocidades que aconteceram no país em maio, mas que logo após quis transferir sua responsabilidade no processo exclusivamente ao PMDB. Não consegue, porque foi o verdadeiro e grande protagonista no processo.

Mas Bresser Pereira não escreveu o texto abaixo por ser de direita ou de esquerda, mas por ser acima de tudo um patriota, uma pessoa minimamente esclarecida, e acima de tudo um democrata. Existem limites para os conselhos maquiavélicos. Não há fins que justifiquem todos os meios, porque acima de tudo o príncipe deve defender seu povo, não uma pequena parcela de sua elite, muito menos de elites estrangeiras.

Mas mais uma vez nos vemos restringidos em nossa luta contra as desigualdades e pela inclusão social, por interesses estrangeiros, ligados a uma minúscula elite brasileira, que não aceita que suas decisões não sejam sempre acatadas sem contestação.

Talvez o Brasil um dia tenha solução, pois ainda vemos gente com clareza de pensamento.


Por Luiz Carlos Bresser Pereira - Que loucura!
O Brasil perdeu o rumo. Em nome do Combate à Corrupção, estamos trocando um presidente sobre o qual não há qualquer processo, por um vice-presidente envolvido sob diversas maneiras na Operação Lava Jato.

Em nome do Direito, estamos trocando um presidente que fez "pedaladas", por um vice-presidente que também as fez.

Em nome da Economia, estamos trocando um ministro da Fazenda competente, Nelson Barbosa, que está buscando retomar o investimento público e impedir a revalorização do real para enfrentar a recessão, por um ministro, Henrique Meirelles, cuja única proposta é a "austeridade fiscal", e que, enquanto presidente do Banco Central, durante o governo Lula, recebeu de FHC, em janeiro de 2003, uma taxa de câmbio de R$ 7,30 reais por dólar (a preços de hoje) e a entregou a Dilma, em janeiro de 2011, a R$ 2,20 por dólar, quando a taxa de câmbio competitiva, de equilíbrio industrial, gira em torno de R$ 3,90 por dólar. Troca então o ministro da fazenda por um novo ministro que foi, portanto, o principal responsável por tirar competitividade das boas empresas industriais brasileiras, e, assim, causar a desindustrialização brutal e o baixo crescimento do país.

Em nome da Hegemonia de capitalistas rentistas e financistas, estamos trocando uma presidente que tudo fez pelo acordo de classes, mas fracassou, por um presidente que provavelmente chegará ao poder dentro de duas semanas porque foi apoiado por grupos de direita envolvidos na luta de classes.
O novo ministro e o novo presidente "devolverão a confiança aos empresários", nos dizem os defensores desse impeachment em marcha. Na verdade, graças ao câmbio competitivo, a confiança já está retornando, e a economia já está começando a se recuperar. É para isso que está trabalhando o ministro Nelson Barbosa, procurando aumentar o investimento público e tentando impedir a revalorização do real. Mas apenas com a notícia de que Meirelles deverá ser o ministro da Fazenda, o real já voltou a se valorizar, e a recuperação durará mais, não menos tempo.

Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer, PSDB e PMDB, a direita e a classe média tradicional venceram. Paralisaram o Brasil, desestabilizaram a democracia, tornaram o país sujeito a crises políticas sempre que a popularidade do presidente da República cair, trocaram o acordo pela luta de classes, mas satisfizeram seu desejo de poder.

Que desastre, que loucura, que irresponsabilidade!

terça-feira, 21 de junho de 2016

Muita lama debaixo dessa água

As críticas que fazemos são sempre no sentido de moralização e melhora do país. Não somos contra a prisão de corruptos, ladrões, etc, mas somos absolutamente contra a prisão seletiva de apenas um grupo deles, motivado por questões ideológicas ou políticas, ainda mais quando muitas das prisões são baseadas em acusações infundadas e sem nenhum tipo de prova.

Pois bem, temos visto isso com bastante frequência no Brasil de hoje.

Enquanto isso outros, que há anos estão envolvidos com acusações de corrupção vão sendo deixados de lado, não apenas pela grande imprensa, mas por nossa Justiça também, o que me faz pensar seriamente se não deveríamos mudar o nome do Terceiro Poder. 

Enquanto isso podemos agradecer à internet, pois sem ela dificilmente teríamos condições de estarmos por dentro das manobras de bastidores, porque a grande imprensa faz questão de esconder determinadas coisas.


O texto abaixo foi tirado do Blog da Helena.


Polícia Federal chega no 'Doutor Freitas' e Aécio Neves desaparece

Após depoimentos de executivos que fizeram acordos de delação premiada afirmando que existia um 'clube' de empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas, misteriosamente o tucano sumiu da imprensa
por Helena Sthephanowitz publicado 21/11/2014 15:22, última modificação 21/11/2014 18:56
REPRODUÇÃO
aecio neves
De 11 sessões no Senado, Aécio só apareceu em cinco. Precisa aparecer para explicar o que sempre chamou de 'corrupção'
Nas últimas entrevistas, o senador Aécio Neves (PSDB), apareceu histérico tentando pautar desesperadamente a mídia na Operação Lava Jato para atacar o governo Dilma e afastar os holofotes dos tucanos. Parece que vai ser difícil agora.
Depois de muita enrolação, com direito a manchete do tipo “Doações de investigadas na Lava Jato priorizam PP, PMDB, PT e outros”, para não citar PSDB, apareceu o Doutor Freitas. Notinhas tímidas, em letras miúdas, no rodapé de páginas dos grandes jornais informam que o dono da UTC, Ricardo Pessoa, disse em depoimento à Polícia Federal que tinha contato mais próximo com o arrecadador de campanha do PSDB, o Doutor Freitas, Sérgio de Silva Freitas, ex-executivo do Itaú que atuou na arrecadação de campanhas tucanas em 2010 e 2014 e esteve com o empreiteiro na sede da UTC. Ainda de acordo com o depoimento, objetivo da visita do Doutor Freitas foi receber recursos para a campanha presidencial de Aécio.
Dados da Justiça Eleitoral sobre as eleições de 2014 mostram que a UTC doou R$ 2,5 milhões ao comitê do PSDB para a campanha presidencial e mais R$ 4,1 milhões aos comitês do PSDB em São Paulo e em Minas Gerais, além de R$ 400 mil para outros candidatos tucanos.
Depois dos depoimentos de dois executivos da Toyo Setal que fizeram acordos de delação premiada, e afirmaram que existia um "clube" de empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas, misteriosamente o tucano Aécio Neves sumiu da imprensa.
Aécio é senador até 2018, mas também não é mais visto na casa. De 11 sessões, compareceu apenas a cinco. O ex-candidato tucano precisa aparecer para explicar a arrecadação junto à empreiteira, o que, para ele, sempre foi visto como "escândalo do PT", e outras questões. Como se não bastassem antecedentes tucanos na Operação Castelo de Areia, como se não bastasse a infiltração de corruptos na Petrobras desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como se não bastasse o inquérito que liga o doleiro Alberto Youssef à Cemig, basta observar o caso da construção do palácio de governo de Minas na gestão de Aécio quando foi governador.
Para quem não se lembra, a "grande" obra de Aécio como governador de Minas, além dos dois famosos aecioportos, não foi construir hospitais, nem escolas técnicas, nem campi universitários. Foi um palácio de governo faraônico chamado Cidade Administrativa de Minas, com custo de cerca R$ 2,3 bilhões (R$ 1,7 bi em 2010 corrigido pelo IGP-M). A farra com o dinheiro público ganhou dos mineiros apelidos de Aeciolândia ou Neveslândia.
Além de a obra ser praticamente supérflua para um custo tão alto, pois está longe de ser prioridade se comparada com a necessidade de investimento em saúde, educação, moradia e mobilidade urbana, foi feita com uma das mais estranhas licitações da história do Brasil.
O próprio resultado deixou "batom na cueca" escancarado em praça pública, já que os dois prédios iguais foram construídos por dois consórcios diferentes, cada um com três empreiteiras diferentes.
Imagina-se que se um consórcio ganhou um dos prédios com preço menor teria de construir os dois prédios, nada justifica pagar mais caro pelo outro praticamente igual.
Se os preços foram iguais, a caracterização de formação de cartel fica muito evidente e precisa ser investigada. Afinal, por que seis grandes empreiteiras, em uma obra que cada uma teria capacidade de fazer sozinha, precisariam dividir entre elas em vez de cada uma participar da licitação concorrendo com a outra? Difícil de explicar.
O próprio processo licitatório deveria proibir esse tipo de situação pois não existe explicação razoável. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
No final das contas, nove grandes empreiteiras formando três consórcios executaram a obra. Cinco delas estão com diretores presos na Operação Lava Jato, acusados de formação de cartel e corrupção de funcionários públicos.
Em março de 2010 havia uma investigação aberta no Ministério Público de Minas Gerais para apurar esse escândalo. Estamos em 2014 e onde estão os tucanos responsáveis? Todos soltos. A imprensa mineira, que deveria acompanhar o caso, nem toca no assunto de tão tucana que é. E a pergunta do momento é: onde está Aécio?

sábado, 18 de junho de 2016

Ria um pouco


Ria com os Storm Troopers mais inusitados já vistos. Só acho que faltou Darth Vader. Quem sabe eles aprimoram para a semifinal?



quinta-feira, 16 de junho de 2016

Investimentos a vista?

Com a ebulição política do país, muita coisa tem sido relegada a segundo plano. E coisas que deveriam estar em primeiro plano, mesmo com todos os problemas criados por uma oposição que não aceita a derrota democrática. 

Uma dessas coisas são os planos para o crescimento do país, que devem necessariamente passar por discussões com a sociedade, mas serem fomentadas e incentivadas pelos governos (sejam eles de que ideologia forem).

Mas o que menos se tem discutido no país é o seu futuro. Antigamente por absoluta falta de interesse e visão político-estratégica de nossos valorosos governantes. Hoje porque se tornou mais importante atingir o poder a qualquer custo, e atender a interesses particulares do que aos da Nação.

E o povo brasileiro mais uma vez se vê às portas do retrocesso e da escassez.



Valor Econômico – Reportagem – 14/04/2016

Para ANP, país precisa de novas refinarias e portos

Embora o consumo de combustíveis tenha entrado em rota de declínio desde o ano passado, o mercado deve se recuperar no longo prazo e as importações brasileiras de derivados podem até quadruplicar até 2030, segundo estimativas da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Diante desse cenário, a diretora-geral do órgão regulador, Magda Chambriard, apresentou ontem a executivos um pacote de investimentos que a agência entende ser prioritário e disse que o país precisará de novas refinarias e portos para evitar gargalos logísticos na próxima década.

Segundo ela, o Brasil precisa se planejar logo e buscar alternativas para suprir a redução da atuação da principal companhia do mercado, a Petrobras. "Temos que saber quem vai meter a mão no dinheiro para fazer o que o Brasil precisa e em que condições. Essa é a grande discussão do ano", disse Magda, durante evento no Rio.

De acordo com a ANP, as importações brasileiras de combustíveis devem atingir entre 1,14 milhão e 1,2 milhão de barris/dia até 2030, a depender da conclusão ou não da refinaria do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). Esse cenário, segundo Magda, demandará a construção de duas novas refinarias, para além da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Comperj, para que o país atinja a autossuficiência no fornecimento de derivados no longo prazo.

Na avaliação da ANP, a melhor localização para os projetos seria o Maranhão, para atender os mercados do Norte e Nordeste, e o Triângulo Mineiro ou Goiás, para abastecimento do oeste de Minas e Centro-Oeste. Se não optar pelo aumento da capacidade de refino, ainda segundo a ANP, serão necessários investimentos em sete novos portos, incluindo a construção de tancagem em Vila do Conde (PA), Pecém (CE) e São Francisco (SC).

Independentemente da escolha, a diretora disse que os investimentos precisam começar a ser discutidos no mercado neste ano para que os projetos avancem a partir de 2017. "Temos duas vertentes possíveis: sermos autossuficientes em derivados, como já fomos, ou não construir nenhuma refinaria e importar tudo o que for preciso. Certamente vai acontecer alguma coisa no meio, vai ser um mix entre as duas [vertentes]. Essa é discussão que temos que travar ao longo deste ano", disse.

Diretor do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), José Augusto Nogueira, destacou que o governo precisa criar um ambiente de segurança para investimentos em infraestrutura, num setor que é altamente concentrado na Petrobras. "O que não pode é termos esse cenário de incertezas", disse.

Segundo um executivo de uma distribuidora, é essencial que o governo defina a política de preços dos combustíveis, atrelada aos preços internacionais. Sem isso, não há quem invista em refino, nem em tancagem para receber volumes importados, já que haveria nesse caso um risco constante de que a Petrobras volte a praticar preços abaixo do mercado.

Embora a retração econômica não elimine a necessidade de investimentos em infraestrutura no longo prazo, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), por sua vez, já vê sinais de uma forte desaceleração do mercado nos próximos anos. A estatal começou a contabilizar os impactos da crise econômica sobre o mercado e já trabalha com a previsão de que o déficit de alguns derivados pode ser bem menor que o previsto até então.

Diretor de estudos do petróleo, gás e biocombustíveis da EPE, Gelson Serva disse que dados preliminares do plano decenal de energia 2016-2025 já indicam que a média do consumo de gasolina pode se manter estável ao longo dos próximos dez anos, influenciado pelo menor crescimento da frota de veículos leves. "Já vislumbramos uma estabilização da demanda."

No último planejamento da EPE, havia uma expectativa de crescimento de 1,3% ao ano no consumo do combustível. Ainda segundo o diretor, um eventual crescimento do consumo de combustível pelos veículos leves seria suprido pelo mercado de etanol.

O novo PDE deve projetar, ainda, uma redução no ritmo de crescimento do diesel A (sem biodiesel). O último plano da EPE previa uma alta de 2,5% ao ano.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Desigualdade no Brasil é um dos problemas

O liberalismo econômico dificilmente irá reverter esse quadro. Ao contrário, deverá acirrá-lo ainda mais. Principalmente porque a reversão disso depende de ações governamentais, aumentando a carga tributária sobre os mais ricos e diminuindo sobre os mais pobres. Isso é algo que governo após governo se recusa em fazer, seja por estar alinhado com essa política, seja por medo de deposição.

A primeira posição é plenamente compreensível. É de sua ideologia ter um país excludente, com uma elite privilegiada ao extremo, e que se sente dona da Nação, e até hoje não engoliu a abolição da escravatura. Não acho isso legal, mas é direito deles pensarem assim. Não entendo é alguém que não pertença a essa camada da população pensar dessa forma, mas vá lá.

A segunda posição cai por terra quando vemos e analisamos os acontecimentos ocorridos no Brasil nos últimos meses. O fato de não mexerem nesse vespeiro, e mesmo de os lucros e ganhos de boa parte dessa elite ter aumentado bastante nos últimos anos, não impediu que se articulasse um golpe contra um governo democraticamente eleito, e afeito à inclusão social.

Isso não isenta os erros cometidos por esse governo ao longo do tempo, até porque o caráter excludente e egoísta dessa camada enriquecida da população é historicamente conhecido, várias de suas armas mantiveram-se intactas (a mídia, por exemplo), e há tempos eles articulam nos bastidores para criar uma situação de insustentabilidade ao governo.

Mas jamais sairemos de uma republiqueta das bananas, se não dermos um basta nesse posicionamento excludente, que é conduzido por uma minoria.



Quem quiser ler o artigo completo no site do IPC.


Brasil é paraíso tributário para super-ricos, diz estudo de centro da ONU

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Mais ricos representam 71 mil pessoas (0,05% da população adulta brasileira) e se beneficiam de isenções de impostos sobre lucros e dividendos, uma de suas principais fontes de renda. Entre os países da OCDE, além do Brasil somente a Estônia oferece esse tipo de isenção tributária ao topo da pirâmide.
Seminário discutiu experiências brasileiras de combate à pobreza em áreas urbanas. Foto: Wikimedia Commons / chensiyuan (CC)
Enquanto a maioria dos países da OCDE está aumentando a taxação sobre os mais ricos, no Brasil nenhuma reforma de fôlego foi realizada nos últimos 30 anos. Foto: Wikimedia Commons / chensiyuan (CC)
Os brasileiros super-ricos pagam menos imposto, na proporção da sua renda, que um cidadão típico de classe média alta, sobretudo assalariado, o que viola o princípio da progressividade tributária, segundo o qual o nível de tributação deve crescer com a renda.
Essa é uma das conclusões de artigo publicado em dezembro pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O estudo, que analisou dados de Imposto de Renda referentes ao período de 2007 a 2013, mostrou que os brasileiros “super-ricos” do topo da pirâmide social somam aproximadamente 71 mil pessoas (0,05% da população adulta), que ganharam, em média, 4,1 milhões de reais em 2013.
De acordo com o levantamento, esses brasileiros pagam menos imposto, na proporção de sua renda, que um cidadão de classe média alta. Isso porque cerca de dois terços da renda dos super-ricos está isenta de qualquer incidência tributária, proporção superior a qualquer outra faixa de rendimento.
“O resultado é que a alíquota efetiva média paga pelos super-ricos chega a apenas 7%, enquanto a média nos estratos intermediários dos declarantes do imposto de renda chega a 12%”, disseram os autores do artigo, Sérgio Gobetti e Rodrigo Orair, que também são pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Essa distorção deve-se, principalmente, a uma peculiaridade da legislação brasileira: a isenção de lucros e dividendos distribuídos pelas empresas a seus sócios e acionistas. Dos 71 mil brasileiros super-ricos, cerca de 50 mil receberam dividendos em 2013 e não pagaram qualquer imposto por eles.
Além disso, esses super-ricos beneficiam-se da baixa tributação sobre ganhos financeiros, que no Brasil varia entre 15% e 20%, enquanto os salários dos trabalhadores estão sujeitos a um imposto progressivo, cuja alíquota máxima de 27,5% atinge níveis muito moderados de renda (acima de 4,7 mil reais, em 2015).
“Os dados revelam que o Brasil é um país de extrema desigualdade e também um paraíso tributário para os super-ricos, combinando baixo nível de tributação sobre aplicações financeiras, uma das mais elevadas taxas de juros do mundo e uma prática pouco comum de isentar a distribuição de dividendos de imposto de renda na pessoa física”, disseram os pesquisadores.
A justificativa para tal isenção é evitar que o lucro, já tributado na empresa, seja novamente taxado quando se converte em renda pessoal. No entanto, essa não é uma prática frequente em outros países do mundo.
“Entre os 34 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne economias desenvolvidas e algumas em desenvolvimento, apenas três isentavam os dividendos até 2010”, disseram os pesquisadores, citando México, Eslováquia e Estônia.
Contudo, o México retomou a taxação em 2014 e a Eslováquia instituiu em 2011 uma contribuição social para financiar a saúde. Restou somente a Estônia, pequeno país que adotou uma das reformas pró-mercado mais radicais do mundo após o fim do domínio soviético nos anos 1990 e que, como o Brasil, dá isenção tributária à principal fonte de renda dos mais ricos.
Em média, a tributação total do lucro (somando pessoa jurídica e pessoa física) chega a 48% nos países da OCDE (sendo 64% na França, 48% na Alemanha e 57% nos Estados Unidos). No Brasil, com as isenções de dividendos e outros benefícios tributários, essa taxa cai abaixo de 30%.
Além disso, o estudo concluiu que o Brasil possui uma elevada carga tributária para os padrões das economias em desenvolvimento, por volta de 34% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente à média dos países da OCDE.
Mas, diferentemente desses países — nos quais a parcela da tributação que recai sobre bens e serviços é residual, cerca de um terço do total, e há maior peso da tributação sobre renda e patrimônio — cerca de metade da carga brasileira provém de tributos sobre bens e serviços, o que, proporcionalmente, oneram mais a renda dos mais pobres.
“Enquanto o avanço conservador está sendo parcialmente revertido na maioria dos países da OCDE, que estão aumentando a taxação sobre os mais ricos, inclusive os dividendos (…); no Brasil, nenhuma reforma de fôlego com o objetivo de ampliar a progressividade do sistema tributário foi realizada nos últimos 30 anos de democracia, dos quais 12 anos sob o governo de centro-esquerda do Partido dos Trabalhadores (PT)”, disseram os pesquisadores, acrescentando que a agenda da progressividade tributária é um dos grandes desafios do país na atualidade.

sábado, 11 de junho de 2016

No The Voice da Holanda, Bob Marley ressucitou.

Mitchell Brunings tem, com certeza, um talento muito especial. Impressionante a quantidade de excelentes cantores e artistas diverso, que estão espalhados pelo mundo, e que nós estamos pouco a pouco descobrindo em esses modernos programas de "calouros".




quinta-feira, 9 de junho de 2016

A comparação é curta

Campeão moral. É isso que me lembra as soluções de que "deixemos para a história julgar"; "o futuro saberá discernir"; e outras mais com esse mesmo teor de derrotismo e fatalismo. Getúlio teve uma saída de mestre quando saiu da vida para entrar para a história, mas não podemos ficar eternamente nos matando e esperando que a história nos transformem em heróis, pelo simples fato de que à História não cabe tal encargo, embora muitas vezes ela se encarregue (erroneamente) disso.

Precisamos do julgamento hoje, já. E por nós mesmos, não por nossos descendentes, que à luz da distância do tempo, tentarão entender o que pensamos e fizemos.

E precisamos entender que nosso país não irá chegar ao séc. XXI, se seguirmos adotando soluções do séc XIX, mesmo que estejam travestidas com togas e ternos, e não com fuzis e canhões.

Mas nossa elite segue se achando no direito de desrespeitar a soberania popular, em prol de aumentar seus ganhos e suas fortunas. Nesse processo são hábeis em cooptar parte substancial da população, que acredita que apoiando seus algozes, irão obter algumas migalhas, que "inadvertidamente" cairão das mesas abastadas dos detentores da verdadeira riqueza do país.

Nesse processo a imprensa é parte fundamental. Isso já foi denunciado inúmeras vezes, por inúmeras pessoas, a maioria muito mais capacitada que este blogueiro aqui. Mas eu não posso me calar, quando se escondem e deturpam todos os avanços que tivemos nos últimos 14 anos, em prol de colocar no poder um governo ilegítimo, impopular, mas absolutamente afinado aos maiores anseios dos interesses do grande capital financeiro e internacional.

E fazem isso, mesmo que isso signifique fazer o país retroceder.

Abaixo Mauro Santayana tentou comparar os dois estilos de governo.

A comparação é curta, muito curta mesmo, por falta da lista de realizaçõmes dos golpistas.

Mas isso a mídia não diz.






http://jornalggn.com.br/noticia/obcecada-pelo-impeachment-imprensa-esquece-do-brasil-por-mauro-santayana

Obcecada pelo impeachment, imprensa esquece do Brasil, por Mauro Santayana

Do blog de Mauro Santayana
por Mauro Santayana
O céu era “de brigadeiro”.
Mas, para a maior parte da mídia passou em brancas nuvens a apresentação do novo cargueiro militar KC-390 da EMBRAER à Presidente da República, ao Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, e ao Ministro da Aeronaútica, Nivaldo Luiz Rossato, após viagem de Gavião Peixoto à Capital Federal, nesta semana, na Base Aérea de Brasília.
E, no entanto, tratava-se apenas da maior aeronave já construída no Brasil, com capacidade de transporte de blindados, de brigadas de paraquedistas, de operar como avião-tanque para reabastecimento aéreo de caças, ou como unidade de salvamento, em um projeto que custou 7 bilhões de reais, em grande parte financiado pelo Governo Federal, que teve também participação minoritária de outros países, como Portugal, Argentina e a República Tcheca, destinada a substituir, no mercado internacional, nada menos que o Hércules C-130 norte-americano.
A mesma indiferença, para não dizer, desprezo, ou deliberada desinformação, ocorreu com o início do processo de geração da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, a terceira maior do mundo, com capacidade de 11.000 megawatts, na semana passada.
Ou com a hidrelétrica de Santo Antônio, situada no Rio Madeira, em Rondônia, a quarta maior do país, que colocou em operação sua 39ª turbina geradora há alguns dias.
Como sempre se dá com os grandes projetos erguidos nos últimos 13 anos neste país – e põe obra nisso – escolheu-se dar atenção, prioridade e divulgação preferencial a aspectos negativos, discutíveis e polêmicos como eventuais “estouros” de orçamento, atrasos ou suspeita de corrupção, do que às próprias obras.
Projetos que, depois de prontos, passarão a pertencer, inexoravelmente, ao patrimônio nacional e ao domínio do concreto, da realidade – e que, querendo ou não seus detratores – continuarão, agora e no futuro, beneficiando o país com mais empregos, mais energia, melhora no nível tecnológico de nossa indústria bélica e aeroespacial e da capacidade de defesa da Nação.
Bom mesmo, para essa gente, deve ter sido o governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso, que, segundo o Banco Mundial, conseguiu encolher o PIB e a renda per capita do Brasil em dólares nos oito anos em que permaneceu à frente do Palácio do Planalto, aumentou a carga tributária em vários pontos percentuais e duplicou a relação dívida líquida-PIB, além de deixar uma dívida de dezenas de bilhões de dólares o FMI, sendo obrigado a racionar energia por falta de investimentos na geração de eletricidade — além de deixar que desaparecessem empresas como a ENGESA, sem forjar um simples parafuso para as forças armadas.
Naquele tempo não se discutia a suspeita de irregularidades na construção de usinas, refinarias, plataformas de petróleo, gigantescos sistemas de irrigação e saneamento, ferrovias, tanques, submarinos – até mesmo atômicos – usinas nucleares, estádios, aviões, mísseis, porque não se fazia quase nada disso em nosso país, e, quando havia encomendas, poucas, eram para o exterior, e não para aqui dentro.
Aludia-se, sim – muito timidamente com relação ao que se faz hoje – à possibilidade da existência de irregularidades na compra da emenda da reeleição no Congresso; e na sabotagem, esquartejamento, destruição, por exemplo, de grandes empresas nacionais, algumas delas centenárias, a maioria estratégicas, para sua entrega, a preço de banana, para estrangeiros, com financiamento farto, subsidiado, do BNDES.
Lembrando George Orwell — em seu inesquecível e cada vez mais atual “1984” — o Ministério da Verdade, ou Miniver, em “novilíngua” — formado pela parte mais seletiva, parcial, ideologicamente engajada e entreguista da mídia brasileira — pode fazer o que quiser -– um diário chegou a trocar a foto de Dilma na cabine do KC-390, por outra, menos “favorável”, em pleno processo de impressão da tiragem do dia seguinte ao fato — que não se conseguirá derrubar obras como Belo Monte, Telles Pires, Santo Antônio, ou Jirau, ou o novo trecho da ferrovia norte-sul, que já leva soja de Anápolis ao Porto de Itaqui, no Maranhão, ou paralisar – com a desculpa de que vão dar ou deram prejuízo (prejuízo contábil, virtual, não interessa, afinal, dinheiro se necessário, como fazem os EUA, se fabrica), como se não bastassem o 1 trilhão e 500 bilhões de reais em reservas internacionais que o Brasil possui – a construção da Transposição do São Francisco ou a expansão da refinaria Abreu e Lima, que já está processando, em sua primeira fase, cerca de 100.000 barris de petróleo por dia.
As obras e as armas construídas, para o Brasil, como os fuzis de assalto IA-2, ou os radares SABER, ou o Sistema Astros 2020 – até mesmo porque as Forças Armadas não vão permitir que esses programas venham a ser destruídos e sucateados — vão ficar, por mais que muitos queiram que elas desapareçam em pleno ar, em uma nuvem de fumaça ou nunca venham a ser vistos em um livro de história.
Et latrare canes caravanis transit – ouviu, certa vez um romano, em um ponto qualquer da rota da seda, entre as dunas do deserto do Saara.
O calendário da pátria não se mede com o ponteiro fugaz das vaidades humanas.
O que importa para o Brasil é o que fica.
No futuro, o povo saberá datar essas conquistas — separando o joio do trigo — no tempo e nas circunstâncias.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Entenda Melhor o Que Dizemos

Vejam abaixo a preciosidade com que nos brinda o jornalista Luís Nassif, através do site do Jornal GGM. No artigo abaixo temos a oportunidade de observar de cara duas coisas muito claras: a primeira é a péssima imagem que o Poder Judiciário brasileiro vem passando para o mundo.

A segunda são os excessos promovidos por alguns dos juízes federais, que estão extrapolando suas atribuições e intervindo de forma indevida na vida do país.

Poderíamos citar outros problemas também, mas a falta de confiabilidade na aplicação e execução das Leis e outras normas jurídicas no país, afastam investimentos e ainda depõem contra a credibilidade brasileira no mundo inteiro.

Pensem melhor antes de apoiarem determinados atos. Eles não são democráticos, nem defendem a democracia.


Na Espanha, El Pais critica juízes justiceiros do Brasil



Jornal GGN - Em artigo publicado no último sábado, o diretor adjunto do jornal espanhol El País, David Alandete, critica os "juízes justiceiros" do Brasil, questionado qual Justiça irá decidir sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a que presume a inocência dos acusados ou a que atende ao clamor das ruas.
Ele diz que Sergio Moro, "heroi das manifestações contra o Partido dos Trabalhadores", cita em seus autos o caso Watergate, ocorrido no governo Richard Nixon, nos EUA. Comentando sobre os grampos nas conversas entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula, Alendente comenta que Moro esquece que, no Watergate, quem gravou seus adversários não foi um juiz, mas o próprio presidente Nixon. Também fala sobre as decisões judiciais contrárias à posse de Lula como ministro. Leia a versão traduzida abaixo:
Do EL País
Qual Justiça decidirá sobre Lula: a que presume a inocência de todos acusados ou a que atende apenas à indignação nas ruas?
Por David Alandete
Há pouco de épico na tentativa de retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Governo do Brasil. Sua posse como ministro foi apressada e incômoda, como se a história se repetisse como trâmite burocrático. Sensações reduzidas pelo fato de que, neste momento, quem pisa nos calos de Lula sejam os juízes e não (aparentemente) adversários políticos.
A Justiça decidirá quanto há de verdade nas acusações de enriquecimento ilícito que pendem sobre Lula. A questão é qual Justiça decidirá: a que presume a inocência de todos os acusados ou a que atende apenas à indignação política nas ruas.
O herói das manifestações numerosas contra o Partido dos Trabalhadores é o juiz federal Sergio Moro, que comanda as investigações de desvio de dinheiro da petroleira estatal. Este, convencido pelo papel que lhe foi designado pela história, cita em seus autos o caso Watergate, paradigma de abuso de poder e queda de um presidente. Efetivamente, Moro recorreu às proporções desse grande escândalo para justificar a gravação e a filtração de uma conversa telefônica em que a presidenta Rousseff comunicava a Lula que havia enviado o termo de posse de ministro. "Use-o apenas em caso de necessidade", disse. Se assinasse o documento, como fez na quinta-feira, Lula receberia foro privilegiado e apenas o Supremo poderia julgá-lo. Vendo Lula escapar pelos seus dedos, o magistrado parecia lançar uma mensagem desesperada: façamos história, que caiam.
Ao seu resgate, veio outro juiz federal, Itagiba Catta Preta Neto, que se apressou a ordenar a anulação da nomeação de Lula porque "a ostentação e exercício do cargo poderia tornar-se uma intervenção indevida e odiosa na atividade policial do Ministério Público". Uma apelação curiosa, vinda desse magistrado.
Mais de um ano atrás, antes da eleições que Rousseff ganhou novamente, o mesmo recomendava: "Ajude a derrubar Dilma e volte a viajar para Miami e Orlando. Se ela cair, o dólar também cairá". "Fora Dilma", escreveu, ao lado de uma selfie, em uma manifestação. E recentemente, proclamou em seu Facebook: "Lula pode ser ministro da Justiça. Estamos perdidos".
Assim acaba a independência judicial. Apesar de as fronteiras entre o ativismo política e a Justiça serem tão difusas quanto no caso de Lula, outro magistrado,esse do Supremo, decidiu, na sexta-feira, suspender sua nomeação como medida cautelar.
Moro, portanto, pode continuar indo atrás de Lula. É o seu papel. Quando se viu obrigado a explicar por que filtrou uma conversa privada entre a presidenta e Lula, disse que a "chefe da República não tem privilégio absoluto no sigilo das suas comunicações", como demonstra "o precedente da Suprema Corte norte-americana em EUA v. Nixon, em 1974, um exemplo a ser seguido". Esquece que, no caso de Watergate, quem gravou seus adversários não foi um juiz, mas o próprio presidente, que foi obrigado a renunciar. Não é um mal exemplo para um magistrado, especialmente se ele tiver ambições políticas.