sexta-feira, 28 de abril de 2017

Parada temporária

A partir de hoje o blogueiro estará entrando em seu exílio voluntário, e necessário para o pagamento das contas (o que nos atinge a todos). Mas espero estar de volta em cerca de 30 dias.

Isso, claro, se até lá não for declarada a condição de colônia norte-americana.

Um bom mês a todos!

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Para refletir

A corrupção atrapalha, ela é ruim, promove atrasos. O blogueiro mesmo já publicou e comentou texto, que mostra que se a corrupção brasileira fosse menor, estaríamos em nível de Desenvolvimento Humano (e no fim das contas é isso que importa) compatível com o do Canadá.

Ninguém defende a corrupção. Mas ela é inerente a todo e qualquer sistema político e social.

A questão então não é combater a corrupção apenas, mas sim como combatê-la.

De vez em quando explode denúncias de corrupção na Alemanha. A gigantesca Volkswagen já foi atingida, existem denúncias graves sendo investigadas sobre a atuação de seus bancos, em 2012 o presidente alemão renunciou devido a denúncias de corrupção. 

Nos EUA, epicentro da crise de 2008, e que ainda faz seus estragos ao redor do mundo, muito dela foi causada devido a corrupção. Basicamente foram fraudadas as contabilidades de algumas empresas, com o objetivo de garantir e aumentar os bonus que seus administradores recebiam por desempenho. GM, AIG, Lehman Brothers, pelo menos 25 bancos faliram.

A diferença é como se age lá, e como se age aqui.

Lá os governos criaram melhores sistemas de fiscalização e controle, prenderam e/ou puniram os culpados de outras formas, como multas, mas salvaram as empresas. Em alguns casos, como o da GM, o o governo americano chegou a adquirir o controle acionário da empresa, como forma de sanear e salvar empregos e negócios.

Aqui vemos um carnaval midiático, ilegalidades cometidas por quem deveria protegê-la, uma quebradeira sem precedentes, e a destruição de setores importantíssimos da economia nacional. Tudo em nome de um combate a corrupção, que efetivamente não está acontecendo, e de uma limpeza ético-moral, que está longe de acontecer.

E a população segue a própria sorte.

A demagogia moralista da Lava Jato não tem base na realidade mundial

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(Michelangelo, o Último Julgamento)
A falácia de que as causas do atraso brasileiro residem na corrupção é apenas uma maneira astuciosa de fugir aos problemas principais: o juro alto, a desigualdade, o egoísmo político das elites. Corrupção, tem no mundo inteiro, em escalas muito maiores do que no Brasil, e isso não foi problema para seu desenvolvimento.
A corrupção, por isso mesmo, precisa ser combatida com realismo, sem discursos messiânicos e moralistas.
O direito não pode se confundir com moral, assim como a política tem de ser vista como ela é, objetivamente, um campo da atividade humana que é regido por uma moral própria, a da responsabilidade.
***
A democracia custa caro no mundo dos coroinhas, por André Araújo
Por André Araújo
A DEMOCRACIA NÃO É PARA SANTOS
A Democracia moderna é um regime político imperfeito e pleno de problemas, um deles é o financiamento de campanhas, mecanismo onde não há nenhum bom modelo, todos tem defeitos, cabe escolher o menos ruim porque bom não há.
Os EUA montaram um modelo simples e aberto: doações sem limites por pessoas físicas e empresas, desde que declarados. No caso de empresas há um atalho, doa-se a um Comitê (Political Action Committee), um simples jogo de espelhos, o Comitê é teoricamente destinado a uma causa ou bandeira política, e esse Comitê que recolhe o dinheiro, dá recibo e repassa para candidatos simpáticos à causa do Comité, tudo isso SEM LIMITE, o dinheiro acaba bancando candidaturas sob o pretexto de que elas servem a causa originária do Comitê.
O financiamento de campanhas nos EUA é um oceano de dinheiro, háincontáveis críticos do modelo de financiamento, tanto na esquerda como na direita, consideram um sistema VICIADO, CORRUPTO e REACIONÁRIO que beneficia as grandes corporações e os candidatos que defendem seus interesses contra o interesse público, o contexto é antigo e renovado.
É claro, claríssimo, só algum santelmo não deve enxergar, que esse modelo visa a comprar apoio no Congresso para os interesses do doador ou alguém acha que a Northrop, a Grumman, a Boeing, a Lockheed, a Rockwell, a Halliburton doam dinheiro sem interesse para congressistas? Ou que tal a bancada dos remédios, poderosíssima, bancada pela Pfizer, Abott, Lilly e outros grandes laboratórios que interagem com o Estado nas cruciais questões de patentes e fundos para pesquisa? Cada empresa farmacêutica vale entre U$ 100 e 200 bilhões de dólares, são as mais valiosas da Bolsa de Nova York e precisam de apoio político.
Há casos notórios de aprovação de verbas controversas para projetos bélicos ruins e inúteis, mas que garantem benefícios para regiões de onde vem esses congressistas. Fábricas de mísseis e aviões são grandes doadoras, tem escritório de lobby em Washington.
No Congresso americano há notórios representantes do setor de energia, do setor de medicamentos, do sistema financeiro além do famoso lobby da indústria bélica.
Há também uma enorme bancada pró-Israel, das mais bem financiadas, reunidas pelo AIPAC, American Israel Political Action Committee, um dos mais ricos lobbies de Washington.
Há enorme críticas a esse bloco, que prioriza o interesse de Israel contra o interesse geopolítico do próprio EUA, que é atado aos caprichos da direita bélica israelense.
É capaz que os coroinhas da GLOBONEWS achem que nos EUA os doadores são altruístas e filantropos, doam pela bandeira, são bilhões de dólares a cada dois anos, as eleições congressuais americanas são bianuais, o giro político-financeiro é imenso e alvo de ativistas de movimentos de transparência que pretendem uma política menos mercenaria.
Além disso, há a imensa indústria do lobby, a maior indústria de Washington, com 1.200 firmas e 110.000 empregos, faturando bilhões de dólares, cuja função é influenciar o Congresso e a Administração para os interesses de quem paga, podem ser empresas e países, só a China tem nove escritórios de lobby em Washington a contrato. A Venezuela de Chavez chegou a ter 16 escritórios trabalhando pelo seu governo. O Equador de Rafael Correa teve a seu serviço o maior de todos os escritórios, o SPB, o mesmo da Arábia Saudita, Qatar e China.
Todos os contratos de lobby são REGISTRADOS no Departamento de Justiça, e no contrato consta qual a finalidade, para qual interesse específico esta se pagando, TUDO ÀS CLARAS, no Brasil não só é proibido como seria visto como corrupção, perseguido e punido, dentro do modelo de FINGIR que somos todos beatos, o Brasil prefere o faz de conta à realidade.
Há e sempre houve no Brasil um JOGO DE INTERESSES em torno da política, SEMPRE. Nos tempos do Império, os Embaixadores do Brasil em Londres ganhavam comissão dos banqueiros quando assinavam empréstimos paro o Brasil, fato bem descrito nas memórias do Embaixador Heitor Lyra (dois volumes pela Editora da Universidade de Brasília). No Governos Vargas e JK, um grupo politicamente bem entrosado do Rio de Janeiro ficou sócio da Volkswagen e da Klabin sem por dinheiro porque conseguiu vantagens no Governo para esses grupos, todos fatos públicos que todo mundo sabe, porque o escândalo agora com as ”LISTAS”, como se caíssem em um santuário de noviços? Ninguém sabia, porque o espanto? Ao tempo de Dom João VI já havia corrupção a céu aberto, os historiadores da nova safra relatam com detalhes o que se cobrava por fora na Alfândega do Rio antes da Independência, a tabela era em torno de 17%. Na República Velha o financista Percival Farquhar nadava de braçada com suas concessões de ferrovias, eletricidade, bondes, telefone, portos, mineração e Farquhar era notório pagador de propinas da época e bajulado aliciador de jornais, ver sua interessantíssima biografia O TITÃ, edição da Livraria Cultura, mais de 700 páginas.
Na construção de Brasília, a corrupção foi imensa, maior em escala que a corrupção do Mensalão e do Petrolão. Ninguém acreditava que Brasília pudesse ser construída em cinco anos, mas foi contra tudo e contra todos, a peso de ouro para as empreiteiras.
Foi atingido o alvo a partir de cataratas de dinheiro no processo de construção da cidade.
Mas consolem-se, nos demais países da América Latina o jogo é MUITO MAIS PESADO, porque incluem também assassinatos na luta pelo poder e os valores do jogo financeiro são proporcionalmente muito maiores que no Brasil, a política espanhola e francesa também tem grandes áreas de dinheiro no jogo de interesses, sem falar da Itália. Na Ásia, Oriente Médio e África, o jogo pesado do dinheiro na política é histórico, o maior corrupto do Século XX foi o Generalíssimo Chiang Kai Shek, Presidente da China até 1949, que roubava o soldo dos soldados chineses pagos pelos EUA, dando aos soldados autorização para saquear no lugar de soldos, Chiang vendeu ao Exército japonês munição de artilharia enviada pelos EUA para que a China a usasse contra os japoneses, esse era seu nível de corrupção, os soldados andavam descalços porque ele embolsava o dinheiro das botas enviado pelos trouxas americanos.
Com isso, Madame Chiang Kai Shek morreu em Manhattan aos 105 anos em 2008 em um apartamento duplex com 29 empregados, então sejamos mais realistas e menos espantados.
Na substituição de um modelo político por outro, o novo cairá no mesmo jogo de interesses em questão de tempo, porque esse jogo é da essência da Democracia, que é um regime de composição de interesses e esse entroncamento entre governo e empresas lembra sempre corrupção, seja com propinas, alto salários, mordomias, favorecimento a projetos, abertura de concessões, relações externas de comércio e investimentos, o campo desse imbricamento é infinito e sempre existirá sob formas abertas ou disfarçadas.
Nos termos dos reis absolutistas anteriores à Revolução Francesa o jogo de interesses era às claras, com a Democracia passou a ser encoberto, mas, na sua essência, pouco mudou desde os Imperadores Romanos , nas eleições de Papas o ouro corria solto, na Era Moderna o Príncipe de Talleyrand, Ministro do Exterior desde a Convenção da primeira fase da Revolução até a Restauração Bourbon de 1814, vendeu a independência da Polônia por 4 milhões de francos ouro, os regimes da Convenção, do Diretório, do Consulado, do Imperio e ao fim da Restauração se estruturavam sobre composição de interesses que eram pagos em cada caso.
No regime do absolutismo, o Tesouro nacional se confundia com a fortuna do Rei e dos seus Ministros, o Ministro da Fazenda de Luís XIV, Nicolas Fouquet, ficava com um terço dos impostos arrecadados, construiu o palácio de Vaux-le-Vicomte, para o qual convidou o Rei para um banquete de três dias, o Rei Luís XIV ficou de tal forma impressionado que mandou construir Versailles para superar seu Ministro. Fouquet conseguiu o cargo de Superintendente de Finanças de Luís XIV por compra, tendo antes vendido seu cargo anterior no Parlamento.
O célebre Primeiro Ministro Cardeal de Richelieu (Armand Louis du Plessis) se tornou o homem mais rico da França por conta de seu cargo e isso era considerado normal.
Nas monarquias do Oriente Médio, o tesouro dos Estados se confunde com a fortuna do soberano, não se sabe onde acaba uma e começa a outra. O Emir do Qatar, Hamad al Thani depos seu pai, Emir Khalifa al Thani em 1995, o pai deposto fugiu e se exilou, levando o tesouro nacional de 8 bilhões de dólares. Graças à intermediação do governo dos EUA, foi feito um acordo e se acertaram as contas, toda a operação foi organizada por um grande escritório de advocacia de Washington, com honorários a peso de ouro.
A Democracia moderna é muito nova, só tomou forma após o fim da Grande Guerra de 1914-1918. Antes disso a Democracia era censitária em todo os grandes países, era só para ricos.
A qualificação de eleitores dependia da propriedade e da renda, o voto não era universal, as mulheres só votaram nos EUA a partir de 1920, no Brasil a partir de 1932.
A primeira Democracia moderna foi a República de Weimar, nos escombros da derrota alemã de 1918, quando o Príncipe von Baden passou o poder ao primeiro presidente eleito, o socialista Friedrich Ebert, essa Democracia idealista foi um caos econômico, social e político.
Portanto a chamada “democracia moderna” só tem CEM ANOS, é um regime muito novo no tempo histórico, cheia de riscos e imperfeições e por todo esse período de um século a Democracia é uma coleção de acidentes, convulsões, riscos, golpes e lutas violentas pelo Poder.
Nos EUA, a política sempre foi muito pior, a corrupção na política americana é lendária e superava qualquer outra democracia moderna chegando até nossos tempos, quando a eleição de Kennedy de 1960 foi garantida pela ultra corrupta família Daley, que controlava a política de Chicago desde 1955 e chega a nossos dias. Richard Daley pai foi Prefeito de Chicago de 1955 a 1976 e seu filho de 1989 a 2011, reeleito cinco vezes. A eleição de Kennedy dependeu dos votos de Chicago que evidentemente não foram de presente, tendo todo o cheiro de fraude eleitoral ou votos comprados, sem esses votos Kennedy perderia a eleição de 1960.
Já o sucessor de Kennedy, Lyndon Johnson, deveu sua carreira política desde o início pelo apoio financeiro da empreiteira texana Brown & Root’s , que hoje faz parte do grupo Halliburton, também texano e profundamente enraizado na política interna e externa, sendo um dos seus controladores o Vice Presidente de George W.Bush, Dick Cheney. Após a guerra do Iraque, a Halliburton fornecia ao exército desde água a munição, era dona dos fornecimentos ao Iraque, vastíssima corrupção em escala sideral, foi multada, pagou e hoje está limpinha.
Lyndon Johnson deixou para a esposa vasta herança, tendo sido exclusivamente político toda a vida, era notoriamente corrupto e não fazia muita questão de esconder. A biografia mais importante de Lyndon Johnson THE PATH TO POWER, de Robert Caro, editora Vintage Books (Random House), com 882 páginas, narra com detalhes saborosos e escabrosos, de novela, o ambiente de corrupção onde vicejou a carreira política do futuro Presidente Johnson.
Esses fatos são importantes no atual clima político brasileiro, porque muitos jornalistas citam os EUA como contraponto à corrupção da vida política brasileira, obviamente por completa ignorância do que foram e do que são os Estados Unidos e sua política interna, onde um pesadíssimo jogo de interesses é a regra em Washington até hoje, considerado algo normal.
Compensar doadores de campanha com Embaixadas, corrupção de baixo nível, um terço das Embaixadas americanas, algumas em países importantes, fundamentais sâo “mimos” reservadas para “doadores” de campanha, em Brasília nos últimos anos os Embaixadores dos EUA John Danilovitch e Clifford Sobel não eram diplomatas, eram ricos homens de negócios que deram dinheiro para campanhas presidenciais, algo que inexiste no Brasil, portanto nesse campo e em muitos outros somos mais éticos que os americanos, apresentados pelos jornalistas da direita como exemplo da moral na política.
Um exemplo dessa leviandade foi a nomeação da notória Pamela Harriman, ex-nora de Churchill e depois casada com um dos homens mais ricos dos EUA. W. Averrel Harriman, sendo ela inglesa, foi nomeada Embaixadora dos EUA na França, pelo Presidente Reagan, Pamela não era diplomata, não era americana, tinha uma vida pessoal nada puritana e ganhou de presente uma das mais cobiçadas Embaixadas dos EUA, faleceu no cargo nadando na piscina do Hotel Ritz.
Nos países da América Latina, a corrupção é historicamente muito maior que no Brasil. No México, os Presidentes do partido hegemônico de 1929 a 2000, o PRI, seguiam o roteiro de apontar o sucessor (“el dedazo”), elegê-lo, depois sair do México para não atrapalhar o sucessor, essa era uma regra não escrita e ao deixar a Presidência poderia levar até 2 bilhões de dólares. O mais notório corrupto foi o Presidente Miguel Alemán, que no resto sempre apesar de corrupto fez um bom governo. No Peru há uma longa tradição de alta corrupção, assim como na Argentina. São exceções no continente o Chile e o Uruguai. Em alguns dos países andinos, a corrupção tem uma vertente ainda pior, é mesclada com o tráfico de drogas, que também atinge o México, é corrupção combinada com extorsão, sequestros e assassinatos por atacado, ainda pior, envolvendo por vezes as forças armadas.
No Brasil a tradição é de Presidentes saírem pobres ou remediados do cargo, não deixaram herança os Presidentes da Primeira República. Getúlio Vargas. Café Filho, Juscelino Kubitschek, Jango deixou a mesma fazenda que já era dele, os Presidentes militares retornaram às suas vidas de classe média, Tancredo não deixou fortuna, nem FHC, o Brasil tem LONGA TRADIÇÃO DE BAIXA CORRUPÇÃO em comparação com outros países emergentes, mas esqueceram de avisar os jornalistas brasileiros que ainda falam na maior corrupção do mundo POR COMPLETA IGNOR NCIA DO QUE É O MUNDO, não tem informação ou cultura para olhar fora do Brasil.
A campanha anti-corrupção no Brasil já cobrou e vai cobrar um alto preço na economia, negócios são paralisados pelo risco altíssimo de ser enredado em investigações e escracho na mídia, por mera suposição, o que pode acontecer em negócios que envolvam o Governo.
O custo da corrupção pode ser alto, mas muito mais altos são outras formas de desvios de dinheiro público como ineficiência e incompetência que grassam na Administração Pública de todos os níveis, excesso de pessoal generalizado, salários absolutamente fora de proporção com o serviço prestado, aluguéis e prédios extravagantes, as perdas monumentais da política cambial, um só semestre custou 207 bilhões de Reais de prejuízos ao Banco Central, milhares de prédios públicos abandonados , Embaixadas desnecessárias, a missão brasileira junto a OEA tem 21 brasileiros na folha do Tesouro, além da Embaixada junto ao Governo americano, mais as Comissões militares, mais a Junta Interamericana de Defesa, mais a Corte Interamericana de Direitos Humanos em San Jose, muita gente para pouco serviço, salários em dólar, a carga fiscal do Brasil custa 39% do PIB, se juntarmos o déficit vai a 41%, contra 22% no México e 23% nos EUA, que com essa carga, sustentam forças armadas espalhadas pelo mundo inteiro incluindo, 7 frotas, 10 porta aviões nucleares , 800 bases militares , auxílio militar em dinheiro a mais de 18 países, a maior cota da OTAN.
A propina é a forma mais primitiva de corrupção, há muitas outras mais sofisticadas e que nem se cogita em tocar, aliás a presente campanha deixou enormes setores intactos enquanto se implode o sistema político como um todo sob aplausos da mídia suicida, o que virá acabará com a mídia tal qual ela existe hoje, essa é a experiência histórica, a República de Weimar era uma bagunça total? A imprensa alemã atacava todo dia essa frágil democracia.
Para consertá-la chegou Adolf Hitler.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

O tamanho da crise

Se você ainda não tinha noção do alcance da crise no país, agora você pode ter. Os números abaixo são inequívocos, e dão clara noção do tamanho do problema brasileiro, causado pela preparação do golpe, e agora pela aplicação da política econômica golpista.

Vejam bem, em nenhum tempo ou lugar da história humana, a economia cresceu com a implantação de políticas recessivas. E essas políticas aplicadas pelos golpistas são todas absurdamente recessivas.

Explicando o que falo. O juros "reais" de uma nação, é uma relação entre os juros básicos pagos pelo governo, e a inflação projetada no mesmo período, que é normalmente de um ano. Dessa forma, na grande maioria dos países envolvidos na crise mundial, no momento essa relação incorre em juros negativos, ou muito próximos a zero. No Brasil essa relação significa um juro real próximo a 11% ao ano (14,5% de juros, menos 3,5% de inflação projetada, dados de 2 meses atrás).

Se tomamos esse dado e admitimos que o investimento tem a intenção do lucro, e a taxa média de retorno no investimento produtivo é em torno de 10%, sendo que isso cai drasticamente numa crise como a nossa, aí vemos que, em termos de retorno do capital investido, é muito melhor aplicar no mercado financeiro, que no produtivo.

Com os cortes nos serviços públicos, resta à população - aqueles que podem pagar - buscar serviços particulares, que por sua vez costumam ser cercados de isenções fiscais, como forma de incentivo, barateamento e aumento de lucros. Mais do que os serviços em si, os lucros dessas empresas também costumam ter isenções fiscais, além de outras formas de incentivos. Atrelado aos benefícios acima, ainda costumamos ter fortes ataques a direitos trabalhistas e salários, de forma a aumentar a lucratividade das empresas. 

Tudo isso impacta diretamente no dinheiro circulante, no consumo, no bem-estar das pessoas e negativamente no desenvolvimento econômico.

Mas aqui caímos na primeira contradição desse sistema. A geração espontânea em algo tocado pelo homem não existe, ainda mais quando nos referimos a dinheiro. Assim, dinheiro não gera dinheiro, se no meio não houver produção, que agregue valor a essa equação.

A segunda contradição foi magistralmente bem expressa nas palavras da jornalista Thaís Herédia, que disse que a recessão e inflação aumentam o poder de compra dos brasileiros. Gostaria realmente que alguém consiga me dar uma explicação convincente disso.

A terceira contradição é a esperança de que o mercado irá atender às necessidades da população. Ora, o mercado é destinado ao lucro e a acumulação. Nesse sentido ele irá atender apenas às necessidades daqueles que puderem pagar por elas. Todos os demais estarão irremediavelmente fora desse sistema. Para culminar, como ele busca a acumulação, acaba por entravar a distribuição e a circulação de riquezas, entravando o sistema como em todo.

Agora gostaria que alguém me explique como a restrição da circulação de riquezas, políticas recessivas, e o não interesse de atender às necessidades da população vão fazer com que a economia cresça, com que a riqueza se distribua e circule, e a população tenha suas necessidades satisfeitas?

E por favor, não venha com a explicação de Rodrigo Constantino, que disse "eu acredito". Isso não é explicação, mas esoterismo.

Digo sempre que o Capitalismo é autofágico, e carrega em si o germe de sua autodestruição. Seus ideólogos souberam criar formas de mitigar, ou mesmo adiar esse fim.

O neoliberalismo é a mais radical expressão de sua contradição interna, e a mais rápida forma de se chegar ao fim do período capitalista por se auto-exaurir. O Brasil conseguiu exponenciar esse processo, ao radicalizar medidas adotadas em outros países (todos em crise e revendo essas medidas) e ainda aplicando (ou tentando aplicar) todo o leque de uma só vez.

Sabe quando isso vai entregar o resultado que eles prometem?

Nunca.

Lava Jato e golpe produziram o maior desastre econômico da história brasileira

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O IBGE divulgou hoje a sua pesquisa nacional de serviços. O resultado é uma tragédia.
O setor de serviços responde hoje a aproximadamente 65% do Produto Interno Bruto. Em termos de geração de empregos, sua participação é ainda maior.
Em janeiro de 2017, o setor de serviços experimentou uma forte retração, uma das maiores já registradas no histórico do IBGE.
Alguns setores, como o de “serviços técnico-profissionais”, que inclui o trabalho de advogados, consultores, publicitários, jornalistas, tradutores, registrou uma queda de proporções bíblicas: 17%, no indicador com ajuste sazonal.
O setor de turismo, que usa intensivamente mão-de-obra, também caiu barbaramente: 11% em janeiro.
A Lava Jato e o golpe produziram o maior desastre econômico da história do Brasil.



quarta-feira, 19 de abril de 2017

A população vai perdendo a paciência

Ontem tivemos uma invasão parcial na Câmara dos Deputados, por parte de policiais, que protestavam contra a reforma da Previdência. Vidros quebrados, brigas, gás lacrimogêneo, detenções temporárias, etc, somente para tentar entregar uma carga (de acordo com a liderança dos manifestantes). Eles não chegaram ao plenário da Câmara. Tudo isso enquanto Rodrigo Maia, no plenário, tentava acelerar o processo de destruição da CLT, mais uma vez mostrando que não tem palavra.

Roberto Requião, em pronunciamento no Senado e outros meios, já avisou dos riscos de convulsão social no país. Alguns outros políticos também já tocaram no assunto. Tumultos no Rio de Janeiro, Espírito Santo, uma série de estados quebrados, a invasão de ontem, a reação que se organiza contra o golpe e suas políticas antidemocráticas e impopulares, o descontentamento cada vez maior da população, primeiro pelas promessas não cumpridas de recuperação econômica, segundo pelo descumprimento de promessas de melhorias nos serviços públicos, e terceiro pela busca em destruir o arcabouço jurídico, que dá alguma dignidade a essa população. Essas ações, em sentido oposto ao prometido por golpistas e mídia, vêm fazendo com que uma parte considerável da população, que até pouco tempo apoiava a mazela do golpe discretamente incentivada pelas mentiras e distorções midiáticas, esteja agora acordando para a nova situação do país. Não há como mentir a falta de comida na mesa, a falta de emprego e a queda absurda promovida nos salários.

Com isso tudo há um sério e real risco de  convulsão social generalizada no país, se não já, em futuro não muito distante.

Existem 3 saídas para essa situação. A primeira, e mais fácil para os golpistas, é parar com os ataques aos direitos previdenciários e trabalhistas, e iniciar políticas que efetivamente garantam a retomada do crescimento. A segunda é um pouco mais trabalhosa, mas melhor para a democracia, e implica num amplo debate e na consulta popular sobre essas questões. A terceira é a saída mais correta, e seria a renúncia de Temer e dos presidentes das duas casas legislativas, com as eleições de atores mais moderados para os cargos, como forma de conduzir uma transição mais tranquila até 2018, quando o povo novamente terá a chance de decidir seu futuro nas urnas. E que quem seja eleito em 2018 cumpra sua plataforma de governo.

Outras saídas existem, mas demandariam mudanças em Leis e até na Constituição. As Três acima necessitam apenas de bom senso e vontade política.


terça-feira, 18 de abril de 2017

Brasil precisa voltar a ser Nação

Excelente a entrevista com um dos fundadores do PSDB e ex-ministro dos governos Itamar Franco e FHC, Luiz Carlos Bresser Pereira. Nela fica clara a grande decepção do velho professor e político, não apenas com a situação atual do país, governado por golpistas de amplo espectro, mas também com o partido que ajudou a fundar, com a destruição total de um projeto de nação do Brasil, e da subserviência e entreguismo que tomaram conta da administração brasileira.

Urge que o Brasil volte a pensar num projeto de desenvolvimento, e que a população convirja em torno desse projeto. 

Os países que  conseguem enfrentar a crise neoliberal com o mínimo de perdas, e alguns até mesmo reagindo, são exatamente aqueles que empoderam o Estado, justamente para intervir na economia, que tratam suas finanças públicas de forma responsável e visando o crescimento da nação, e não o enriquecimento sem esforço de pequena parte dela, que distribuem renda como forma de garantir o próprio progresso econômico, que buscam dar bem-estar a seus cidadãos, não pelas vontades suspeitas e abstratas do livre mercado, mas pelas necessidades reais de seus cidadãos.

Muito boa a entrevista do Professor Bresser Pereira. Lúcida, direta, sem se desviar de sua visão de futuro de Nação e posição para o Brasil. Muito diferente de certas pessoas, que não enchergam os milhões que o rejeitam, tentando transformá-los numa minoria de "poucas dezenas", que errou em tudo o que fez até agora, mas acredita que foram acertos maravilhosos. 

Na verdade foram erros tão graves e profundos, que se nada for feito em contrário, o Brasil avançará ainda mais no lodaçal da depressão econômica, e permanecerá estagnado durante anos. Se levarmos em conta que o crescimento real da economia é uma relação entre a capacidade de gerar empregos, e a necessidade de se absorver mão-de-obra ociosa e aquela que chega no mercado de trabalho, a crise econômica brasileira levará muitos anos aterrorizando a vida de seus cidadãos.

Se nada for feito em contrário.

Bresser-Pereira: PSDB é um partido golpista, da direita e absolutamente antinacional

Para economista, "5% do PIB é roubado do patrimônio público e entregue a rentistas", mas governo Temer elegeu o povo e os trabalhadores como "privilegiados" e alvo das reformas
por Eduardo Maretti, da RBA publicado 10/04/2017 17h49, última modificação 10/04/2017 17h51
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Bresser-Pereira
Para economista, país passa por crise "construída pelo liberalismo econômico sem ideia de nação"
São Paulo – “O Brasil não tem uma ideia de nação desde os anos 1990, desde o governo Collor o Brasil se entregou aos interesses, ideias e ao comando estrangeiro, ao liberalismo econômico, que é dominante no Brasil desde então”, diz o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Pensando nisso, ele está redigindo um manifesto intitulado Projeto Brasil Nação, que pretende divulgar no fim do mês.  Nele, “conclama-se os brasileiros a voltarem a se unir em torno da ideia de nação e em torno de um programa econômico viável, responsável, do ponto de vista fiscal e cambial”, afirma.
Projetando as eleições de 2018, Bresser-Pereira acredita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o líder capaz de fazer compromissos e entendimentos “e voltar a transformar essa sociedade, não digo numa grande nação, mas pelo menos num país que volte a se repensar, com menos ódio e com mais ideia de cooperação e colaboração entre todos”.
Fundador do PSDB, ex-ministro dos governos José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, o economista acredita que a legenda tucana “é o verdadeiro sucessor da UDN no Brasil, e portanto é um partido golpista”.  “O PMDB não é nada, não é um partido. É um conjunto de pessoas, algumas até muito boas, e outras péssimas. Já o PSDB é um partido, como o PT, mas é um partido da direita e da direita absolutamente antinacional e dependente”, diz, em entrevista à RBA.
No final de 2015 o senhor disse que o Brasil tem dois grandes problemas, a “alta preferência pelo consumo imediato” e a perda da “ideia de nação”. Depois do golpe, a ideia de nação se perdeu definitivamente?
Veja, o Brasil não tem uma ideia de nação desde os anos 1990, desde o governo Collor o Brasil se entregou aos interesses, ideias e ao comando estrangeiro, ao liberalismo econômico, que é dominante no Brasil desde então, e liberalismo significa dependência, para nós. Houve nos governos Lula e Dilma uma certa retomada da ideia de nação. Nada muito forte, mas houve um esforço nessa direção. De repente vem o golpe, um golpe ultraliberal, absolutamente contrário à ideia de nação e que agravou profundamente a crise em que nós já estávamos, uma crise provocada por esse liberalismo.
O Brasil está dominado pelo liberalismo econômico desde 1990. Desde aquela época foi feita uma série de reformas que mudaram o regime de política econômica, de um regime desenvolvimentista para um regime liberal, que é inviável no país. De forma que o Brasil vai de mal a pior.
Qual sua avaliação do atual cenário e da conjuntura econômica, do futuro no curto e médio prazo?
Tivemos uma crise que se desencadeia no final de 2014 e que, se fosse contra-atacada com uma política expansiva, feita por um ministro competente, keynesiano, talvez o Brasil estivesse fora dela há bastante tempo. Mas não. Foi ainda a Dilma que chamou o Joaquim Levy e ele adotou uma política que afinal agravou a recessão substancialmente. Veio o Nelson Barbosa e tentou consertar a coisa dizendo: “Não, nós não podemos reduzir investimentos, podemos reduzir despesa corrente, mas em hipótese alguma investimento. Pelo contrário, devemos expandir”.
Foi o que eu também estava dizendo nesse momento, depois de equivocadamente ter apoiado a Dilma no comecinho da segunda gestão dela. Mas veio o golpe e outra vez veio o liberalismo econômico mais radical, a ortodoxia. O câmbio tinha ido para o lugar certo. Eu estava contando com isso para as empresas retomarem os investimentos, tornarem-se competitivas e a economia voltar a crescer. Não aconteceu, o câmbio voltou a se apreciar. Nós já estamos com o câmbio substancialmente apreciado, o consumo só diminui, com esse imenso desemprego. Estamos com mais de 13 milhões de desempregados. Realmente a crise se aprofundou. E é uma crise construída pelo liberalismo econômico, sem ideia de nação.
Se o dólar ideal seria em torno de R$ 3,80, segundo o senhor já disse, estamos muito longe disso...
Dada a inflação que houve aqui no Brasil e lá fora, o dólar que tornaria as empresas competitivas está próximo hoje de quatro reais. Estamos muito longe. Esse é o mal fundamental do Brasil, a irresponsabilidade cambial. Há um outro mal, e aí a esquerda também é useira e vezeira em praticá-lo, que é a irresponsabilidade fiscal. A Dilma foi a última experiência de irresponsabilidade fiscal. Agora, a irresponsabilidade cambial é principalmente da direita, dos liberais. Eles acham que ter déficit em conta corrente é bom porque seria poupança externa, que se transformaria em investimento.  É poupança externa, porque realmente ficamos devendo aos outros, mas essa poupança externa não é para financiar investimento, é para financiar consumo.
Apesar dos erros da Dilma que o senhor mencionou, considerando que a derrubada do governo foi, no mínimo, incentivada  por interesses internacionais, era possível ter evitado o golpe?
Sem dúvida que podia ter sido evitado. Foi uma decisão lamentável do Congresso, foi uma manobra de um grupo de oportunistas do PMDB, na qual o PSDB embarcou docemente, demonstrando que é um partido liberal, o verdadeiro sucessor da UDN no Brasil, e que portanto é um partido golpista como era a UDN. Que o PMDB seja golpista... O PMDB não é nada, não é um partido. É um conjunto de pessoas, algumas até muito boas, e outras péssimas. Já o PSDB é um partido, como o PT, mas é um partido da direita e da direita absolutamente antinacional e dependente. Isso ficou demonstrado quando eles se associaram ao golpe, que não os adiantou em nada.
Uma coisa muito curiosa é o seguinte: agora já começam a discutir quem serão os candidatos na próxima eleição. A Cristina Fernandes, do Valor, relatou uma festa na coluna dela em que os milionários do Brasil estavam lá reunidos, e mais os políticos de direita, e então conversava-se sobre quem seria o novo presidente. Quem enfrentaria o mal maior, que é o Lula? E chegaram à conclusão que era o (João) Doria, que é uma coisa quase ridícula.
O que aconteceu no Brasil, um pouco por culpa da Dilma e muito por culpa de uma direita ressentida, é que uma classe média de direita ressentida não se sentiu apoiada pelo governo; os ricos ficavam mais ricos, os pobres eram apoiados pelo governo e essa classe média ficava solta no ar. E aí houve uma  radicalização muito violenta na sociedade brasileira, e passou a haver no Brasil uma coisa que nunca tinha visto, que foi o ódio. Estamos nessa situação, semelhante, aliás, à triste situação em que estão os Estados Unidos também, completamente divididos. Não há nada pior para uma sociedade do que isso. Mas vamos ter eleição em 2018...
Se é que vai ter...
Vai ter. E o Lula possivelmente vai ser candidato. Não creio que eles consigam impedir que ele seja candidato. Digamos que o outro seja o Doria. Quem desses candidatos tem capacidade de reunir a sociedade brasileira? Quem tem capacidade de fazer os compromissos, entendimentos etc., e voltar a transformar essa sociedade, não digo numa grande nação, mas pelo menos num país que volta a se repensar, com menos ódio e com mais ideia de cooperação e colaboração entre todos? Certamente não é um Doria. E a meu ver, o Lula tem todas as condições para isso.
O Paulo Sérgio Pinheiro me enviou um manifesto que foi assinado em 1989 por um conjunto de intelectuais que não eram de partido e apoiavam o Lula, com essa ideia, de o Lula poder representar uma união nacional. Isso pode ser o destino dos grandes líderes. O Lula é um grande líder, não há dúvida. Vamos ver.
O Temer está introduzindo algumas reformas extremamente perversas, como a da Previdência. Diante da retirada de direitos e da enorme impopularidade, esse governo resiste até o fim?
Não nos termos em que foi colocada, mas acho que uma reforma da Previdência é necessária. É preciso fazer alguma coisa nessa direção. É preciso estabelecer uma idade de aposentadoria mais alta, é impossível se manter no Brasil pessoas se aposentando tão cedo. E é preciso igualizar o sistema público ao privado. Na minha opinião, há três grupos privilegiados no Brasil: o grupo dos rentistas, que vivem de juros e recebem quase 7% do PIB, quando deviam receber no máximo 2%. Tem 4%, 5% do PIB, uma barbaridade de dinheiro, que é roubado do patrimônio público e entregue a rentistas e financistas. O segundo grupo é o dos altos burocratas, que têm salários altos demais e aposentadorias excessivas. E o terceiro é o grupo dos interesses estrangeiros, porque tudo é feito aqui no Brasil em função dos interesses estrangeiros, e vamos nos  transformando aos poucos em meros empregados dos países ricos.
Agora, o governo que está aí é uma maravilha de governo, porque há um quarto grupo de privilegiados e esse é o objeto fundamental: é o povão, os pobres, os trabalhadores. Esses é que são os privilegiados, segundo o governo e segundo o PSDB. Segundo os liberais.
A questão da Petrobras, a entrega do pré-sal é simbólico disso?
Queremos ter déficit em conta corrente, porque achamos que isso é bom, lá no norte nos ensinam que é bom. Em Nova York, em Washington, em Londres e Paris eles dizem: “vocês precisam ter déficit em conta corrente porque isso permite que nós os ajudemos financiando vocês”. Nós acreditamos nisso, consumimos muito, ficamos devendo muito, não investimos, e aí precisamos começar e vender tudo o que temos. Já que não produzimos, a gente vai vendendo o que tem. É isso que estamos fazendo no Brasil há muito tempo.
O que dizer às pessoas hoje desiludidas, de várias gerações, que passaram a acreditar que o país podia ser autônomo, ter soberania, mas outra vez sofreu um golpe?
Não há nada mais importante do que isso. Devemos lançar até o final do mês um manifesto que chamo de Projeto Brasil Nação, e espero que seja seriamente lido, estudado e apoiado pelas pessoas, porque conclama-se os brasileiros a voltarem a se unir em torno da ideia de nação e em torno de um programa econômico viável, responsável, do ponto de vista fiscal e cambial.
As pessoas no Brasil estão se sentindo sem rumo. Vamos tentar nesse manifesto apontar um rumo. Não é nenhuma tábua de salvação, nenhuma solução mágica, mas é um programa mínimo, básico, na área econômica, em alguns valores fundamentais, que ou uma nação os partilha, ou não. Eu estava falando que era preciso refundar a nação, e minha filha me disse: “não, pai, a nação brasileira já foi fundada em 1822”. Eu falei: formalmente sim. Um grande ensaísta e filósofo francês, Ernest Renan, que no século 19 fez uma maravilhosa conferência sobre o que é uma nação, dizia que nação é um desafio e um projeto que a gente renova todos os dias. A nação você refunda todos os dias. A nossa nação se enfraqueceu muito a partir de 1990, a partir da crise da dívida externa e da crise do Plano Cruzado, e precisamos recuperá-la. 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

A base golpista luta sobre os escombros

A briga intestina que se inicia no cerne dos golpistas dá bem o tom do que vem acontecendo no país, pois após derrubarem o governo legitimamente eleito de Dilma Roussef, passaram a apresentar pautas absurdas contra a população mais pobre, e a classe média baixa, que deverão pagar pelos rombos que os próprios golpistas promoveram.

Mas isso que está no artigo abaixo é apenas parte do problema. Se lembrarmos bem, já tivemos quedas de correligionários de Temer, tanto por cobranças devido aos "deslizes" que cometeram durante o exercício de seus respectivos cargos, como também na busca de deixarem os holofotes da imprensa, por "desvios" cometidos em outras épocas, e/ou por estarem envolvidos nas delações da Odebrecht e outras.

Agora se somam os problemas que, aqueles que estiverem exageradamente ligados ao golpe, deverão ter nas eleições que se avizinham.

Parece ser esse último o motivo de Calheiros, e alguns outros Senadores do PMDB. O movimento tem a tendência de se alastrar, e ruir de vez a frágil base que proporcionou a tomada irregular do poder.

Bom que pelo menos haverá uma dificuldade extra, para entregarem a palta acordada com os financiadores do golpe. A verdade é que até o momento jogaram muito soltos. Só que alguns sinais se acendem de que a situação está mudando. A pífia adesão aos protestos fascistoides convocados pelos movimentos MBL e Vem Pra Rua, e uma adesão significativa àqueles convocados pela oposição dão o tom dessa mudança.

Mas enquanto isso o Brasil segue agonizando, não vemos perspectivas de medidas que incentivem a retomada econômica, e ainda estaremos fortemente travados pelas medidas estúpidas tomadas até o momento. Algumas de difícil reversão.

Seja quem for o próximo presidente, ele terá muito trabalho e dificuldade dm recolocar esse trem nos trilhos.




Renan dá nó em Temer, destrói imagem de grande articulador e presidente perde força com a base; ENTENDA!

Um dos mitos sobre Michel Temer, cultivado ao longo do processo de impeachment, era o de que se tratava de um político hábil, afável, inteligente — o antípoda da titular.
Elio Gaspari, entre outros cronistas, o definiu como “experiente, frio”, e conhecedor do “lado do avesso de Brasília”.
De Eliane Cantanhede a Ricardo Noblat, as supostas virtudes negociadoras do ex-vice decorativo foram cantadas aos quatro cantos, vendendo um Richelieu.
O rompimento com Renan Calheiros, cúmplice de décadas, veio enterrar de vez essa balela.
Temer sempre foi um operador de bastidores, viabilizando e distribuindo o butim do PMDB. Na presidência, continuou fazendo isso, além de cumprir com o serviço sujo dos patrocinadores do golpe no sentido de destruir o legado dos programas sociais do governo do qual participou.
Numa tentativa de parecer superior ao desprezo da população, assimilou o mote patético sugerido por Nizan Guanaes e passou a se defender: preferia ser impopular a populista.
Renan, que é qualquer coisa, menos bobo, está de olho nas eleições de 2018 em seu estado e não quer ficar ao lado de um presidente cuja popularidade despenca a cada pesquisa.
De que adianta um cargo para um apaniguado e outros favores se o homem é um tronco de enchente? Entre Temer e Lula, que cresce nas pesquisas, com quem ele gostaria de ser fotografado?
Michel, o habilidoso, o gênio da articulação, é refém de um detento, Eduardo Cunha, e da corriola da formação original de sua banda — Romero Jucá, Eliseu Padilha, Rodrigo Maia, Moreira Franco.
O jantar dos senadores governistas do PMDB na casa de Katia Abreu escancarou ainda mais a situação.
“Diziam que a Dilma não sabia onde ia, e o Temer não tem para onde ir”, tripudiou Renan. Dos 22 da bancada no Senado, doze estavam lá, mais Sarney e a filha Roseana.
“Na fritada de aratu, Temer também foi fritado”, falou um dos senadores.
Renan, o porta voz da insatisfação, pontuou que “estão nos propondo um suicídio” com as reformas. Sarney acha que Temer “tem que dialogar mais”.
Segundo o Valor, Michel escalou aliados para procurar “conter a ira” de Renan Calheiros. Tem medo de que as críticas contaminem a base de apoio e prejudiquem o andamento das reformas.
No meio tempo, enquanto o chão esfarela, MT vai disparando suas asneiras. “Deus me deu a graça de reconhecer o valor das mulheres”, discursou o cidadão que elogiou o sexo feminino pela capacidade de ver o preço da manteiga sem sal no supermercado.
A única saída para o caos é diretas já. Michel Temer, o homem que sabe da “mecânica de suas obras e suas pompas”, de acordo com Gaspari, não consegue combinar o jogo nem sequer com seus amigos, que dirá com os inimigos.